As belezas escondidas são como tesouros secretos que aguardam serem descobertas.
Falar delas envolve expressar admiração pelo que não está imediatamente visível, escancarado diante dos nossos olhos, porém necessita de paciência e calma, atenta observação para o nosso entorno cotidiano.
Cada manhã ao transitar por meu pequeno jardim em minha própria casa me deparo com tanta beleza oculta, muitas vezes obscurecidas de meu olhar, por minha pressa, descaso, preocupações, ansiedade em resolver por minhas próprias forças um dia comum de trabalho.
Foi num desses dias, onde orientada pelo livro sagrado, comecei a empregar mais tempo em observar as flores e as aves, e então notei, como se fosse pela primeira vez, a dança graciosa das folhas sopradas pelo vento, a pequenina rosa desabrochando delicadamente, senti o doce cheiro do alecrim e das ervas ali plantadas na hortinha.
Vi também folhas caídas delicadamente arrastadas pelo vento outonal, folhas tornando-se poesia silenciosa diante de meus olhos, sob os meus próprios pés, falando de maneira clara e suave, a minha alma.
E então, em outra tarde ensolarada decidi explorar trilhas menos percorridas, na mata ao lado de minha casa, na esperança de encontrar algo novo, especial, algo deixado para a minha própria contemplação.
Encontrei ali, um mundo inteiramente esquecido. Mundo deixado pra mim, aonde posso retornar vez por vez e me aventurar silenciosamente em descobrir detalhes, beleza, sutilezas, até então por mim nunca vistos.
São movimentos das folhas, múltiplos tons e cores, zumbido de insetos, o canto dos pássaros, e o balbuciar dos ramos das arvores impulsionados pelo vento, tudo envoltos por suaves raios de sol, filtrados pelas copas das grandes arvores.
Passei também, por uma pequena ponte de madeira quase camuflada pela vegetação o que revelou outros arbustos menores, e uma linda luz incidente habilmente desviando-se de tantos obstáculos, como se fosse um holofote, a aquecer e iluminar uma pequena flor no chão, revelando-se num verdadeiro espetáculo de luz e sombra e muitas cores.
Estas experiências pessoais, tão simples do meu dia a dia me ensinam que a beleza oculta está tecida, entremeada no tecido da minha vida diária, esperando ser descoberta por meus olhos mais atentos e curiosos.
Observar estas pequenas belezas, ricas em cores, texturas e proporções e graça, me fazem descansar e confiar, no Soberano Criador que não me tem por esquecida ou desapercebida, mas que cuida diariamente de mim, com grande amor.
